Américo Júnior é o nome do jovem moçambicano que tem se dedicado à produção de conteúdos sobre tecnologia, com a visão de ajudar o público no bom uso das plataformas digitais, ou seja, Internet.
Hacker e especialista em cibersegurança com uma missão audaciosa, com a sua actividade, o jovem almeja mostrar que “conhecimento é a chave para um mundo melhor, pois ele nos liberta”, afirma.
A sua crença é que a tecnologia bem usada pode ser “um veículo para a transformação positiva e estou determinado a melhorar o mundo por meio do meu domínio dos códigos e da segurança digital”, conta o jovem em conversa com a Kabum Digital.
“Para mim, a tecnologia não é apenas uma ferramenta, mas uma ponte para alcançar um futuro mais seguro e igualitário. Entendo que os avanços tecnológicos estão a mudar o mundo, e minha paixão é canalizar essa força para o bem de todos”.
Américo Jr.
Para o jovem, todos devem ter o direito à privacidade, segurança e liberdade, e é desta convicção que está em lutas contra as ameaças virtuais que podem causar danos irreparáveis às vidas e às comunidades, descrevendo-se como um guardião da segurança digital.
Actualmente formando-se em Engenharia Informática e Telecomunicações, boa parte do que sabe aprendeu na internet, tanto que fora a actual formação, não pretende outro curso.
A curiosidade, entusiasmo e muita prática tem foram fundamentais no seu processo de aprendizado “sempre quis saber como as coisas são construídas e como funcionam, tive contacto com a tecnologia muito cedo pelos videogames, na medida que fui crescendo a curiosidade em saber como estes jogos eram criados só aumentavam”, o que o levou a pesquisar e saber que eram criados através da programação e que não era tão fácil.
Com a descoberta que não era fácil, desistiu, até que em 2014 conheceu o jogo Watch Dogs, que retrata hacking e ciberataques, e voltou a ganhar interesse pelo hacking e começou a pesquisar sobre o assunto.
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Com a partilha de conteúdos educativos, o jovem alimenta o seu gosto de compartilhar com as pessoas as coisas que faz.
Quando deu início a sua jornada de hacking, já havia criado um canal no Telegram para ensinar o que eu aprendia e compartilhar conteúdos de outras pessoas, um tempo depois apagou o canal, e em 2019 resolveu criar um canal no youtube, para compartilhar o conhecimento, o canal era bem inactivo, e não conseguia manter a consistência, o que fez com que desistisse mais uma vez.
As coisas mudam quando em Março de 2023, após adquirir muita experiência de 2020 até 2022, decide voltar a produzir conteúdo sobre tecnologia e hacking para a internet, e “assim guiar as pessoas para o melhor uso das tecnologias, conscientizá-los sobre ataques cibernéticos e ensinar o hacking ético”.
Ao que conta, a experiência tem sido boa “tenho recebido diversos feedbacks que só me motivam a continuar, percebo que estou a ajudar muitas pessoas e em pouco tempo irei mudar várias vidas para melhor”, revela.
Outras dificuldades no meio dessa caminhada esteve o acesso limitado a internet, era difícil conseguir fazer as pesquisas, e quando fazia encontrava pouco conteúdo em português na internet, uma vez que eu na altura não sabia inglês.
Estamos seguros em Moçambique?
Para o Américo Jr., em observância sobre segurança cibernética ou uso das tecnologias Infelizmente, boa parte das empresas e desenvolvedores não dão a prioridade necessária para a segurança cibernética, o que resulta em desenvolvimento de sistemas vulneráveis, sem conscientizar os utilizadores e sem aplicar soluções suficientes para tornar os sistemas seguros.
Está na lista das suas actividades contribuir para a mudança deste cenário com o passar do tempo.
E em análise ao próprio espaço tecnológico moçambicano, acredita que o desenvolvimento da tecnologia ainda está lento, “ainda existem vários problemas por serem solucionados utilizando a tecnologia, mas ninguém os soluciona, acredito que com o passar do tempo isso irá reduzir, uma vez que mais criadores de conteúdos de tecnologia estão a surgir”, revela.
Embora tenha vários projectos no papel que podem mudar esse cenário, actualmente o foco é mesmo a criação de conteúdos, estudar sem parar e compartilhar com o público.
Como pontos marcantes da sua carreira, destacam-se dois. Primeiro quando fez parte dos top 100 mundial de uma das maiores plataformas de bug bounty, plataformas que conectam hackers com grandes empresas, de modo que estes melhorem a segurança dessas empresas, através do relato de falhas de segurança e recebendo recompensas por isso, para chegar lá, o jovem apresentou mais de 50 falhas de segurança para empresas internacionais.
O segundo, foi quando as suas aulas chegaram a mais de 1000 pessoas através de uma empresa brasileira de educação, o que fez perceber a sua contribuição para o conhecimento e desenvolvimento de habilidades de várias pessoas.
“Pretendo ser um líder visionário nesse campo”
Num encontro com o futuro, o jovem almeja estar em uma posição onde a sua influência e impacto no campo da tecnologia sejam amplamente reconhecidos com a contínua busca por uma contribuição significativa que coloque a sociedade em constante evolução através de desenvolvimento de soluções que abordam desafios complexos e impactem positivamente a vida das pessoas.
Dentre as ambições está também liderar múltiplas empreitadas, incluindo empresas de software inovadoras, iniciativas de cibersegurança de ponta e esforços educacionais sem fins lucrativos.
“Buscarei inspirar a inovação e o progresso, contribuindo de maneira significativa para a evolução da sociedade por meio do avanço tecnológico”.
Acredita que a cibersegurança é essencial para a confiança na era digital, e é nesta abordagem que quer ser um líder visionário no campo, desenvolvendo soluções que protejam dados sensíveis e infraestruturas críticas.
Para os que almejam trabalhar com tecnologia, a recomendação do jovem que tem “hacking” como estilo de vida é que tenham o hábito de pesquisar, estudar e colocar em prática, pois “não existem atalhos”, conta.