Ginolda Jofrisse é a Técnica de Sistemas de Broadcast do grupo Soico, maior grupo privado de comunicação social em Moçambique. Segundo contou à Kabum Digital, trabalhar na STV tem sido uma missão equiparável à de uma bombeira, porém, resolvendo todos os problemas relacionados à tecnologia.
Formada no curso de Licenciatura em Engenharia e Gestão de Tecnologias de Informação pela Universidade Técnica de Moçambique (UDM), encontrou a motivação para entrar na tecnologia da curiosidade, ainda na adolescência, em querer saber o que as pessoas faziam nos computadores, tanto que pediu de presente, aquando da sua transição da sétima classe para oitava classe, a inscrição para o curso de informática básica.
Com a introdução à informática e acesso a computador e manuais, com o tempo tornou-se “naquela pessoa expert que sabe mexer as coisas”, e que ajuda os colegas com a digitação de trabalhos, o que resultou no grande interesse na área de engenharia.
“No início, só queria fazer engenharia civil, mas descobri que era péssima a desenho, mas informática já estava dentro de mim, e foi daí que decidi fazer o curso de engenharia informática.”
Conta.
Após não ser admitida nos cursos da Universidade Eduardo Mondlane e da Universidade Pedagógica, optou por Engenharia e Gestão de Tecnologias de Informação na UDM. Por um momento, pensou que estivesse distante do seu sonho, até perceber que não havia muita diferença.
Nesse percurso, não faltou desmotivação que esteve aliado com o facto de estar a fazer um curso que continua a ser visto como destinado aos homens, porém, avançou com o foco no objectivo final: queria fazer o curso e tinha que terminar.
“Trabalhar como técnica de TI exige ter uma mente aberta”
Actualmente é técnica de suporte no grupo Soico, grupo privado de comunicação social fundado em 2002 pelo empreendedor Daniel David, e está à frente do canal STV, STV Notícias, Jornal O País e rádio SFM.
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A vaga veio através de uma amiga, tratava-se de uma vaga de estágio. A empresa precisava de quatros pessoas, e no seu processo de entrevista, do grupo que restava, a organização só precisava de selecionar mais duas pessoas. A sua seleção foi no mesmo dia da entrevista, sendo que dos quatro foi a única mulher apurada.
No início foi tudo novo, num olhar para os sistemas que são utilizados pela televisão para manter-se online para o público-alvo, ainda que contasse já com uma experiência como técnica de suporte. Para a jovem, estar na Stv é a realização de um sonho colectivo.
“Todos sonham em trabalhar numa televisão. Televisão é algo incrível, quando estamos em casa sempre queremos saber como é que funciona, quais são os sistemas que eles usam para quem está em casa conseguir ver aquilo.”
Após três meses de estágio, tornou-se efectiva e de lá até cá, Ginolda realça que a sua missão como técnica de sistemas de broadcast está na sua responsabilidade garantir “bom funcionamento de todos sistemas de transmissão. Tudo que envolve transmissão na televisão, eu e meus colegas somos os responsáveis,” contou.
Diferente de outras instituições, a actividade de técnica de suporte de tecnologias de informação numa televisão exige que caso tenha-se um problema, o profissional esteja “apto para resolver e com uma capacidade de ter soluções rápidas porque a televisão não pode parar”.
Para Ginolda, ser técnica de suporte em tecnologia de informação assume que a profissão exige ter uma mente aberta e paciência, uma vez que terá que lidar com toda infraestrutura tecnológica de uma organização e com as pessoas que são utilizadores deste sistema.
Ser mulher e realizar actividades que muitas vezes foram vistas como para homens e no final conseguir resolver de forma rápida, marca a sua carreira ao longo dos anos.
Entre desafios, desistir nunca foi uma opção, pois acredita que “toda conquista começa com a decisão de tentar. Se decidiu tentar, não pode desistir, porque a conquista parte daí.”
Antes da sua entrada no grupo SOICO, iniciou a sua carreira profissional através de um estágio profissional promovido pela Biofund (Fundação para a Conservação da Biodiversidade), onde esteve afecta na Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC) como Técnica de Suporte de Tecnologias de Informação.
A chegada na Biofund aconteceu após um ano sem conseguir estágio ou trabalho e, nesta altura, dedicava-se à partilha de conhecimento através de aulas de informática ao domicílio e extracurriculares às crianças.
A motivação esteve ligada com o gosto pela introdução da tecnologia nas crianças pelo reconhecimento de que “nada se faz sem tecnologia”, conta com uma concordância de que quem não está aliado ao progresso digital fica atrasado.
Para além da formação em Engenharia e Gestão de Tecnologias de Informação, também formou-se em montagem e reparação de computadores para compreensão do funcionamento dos sistemas.