Através do seu projecto “Fé”, o fotógrafo moçambicano Mário Macilau, venceu o Roger Pic 2023 Award na França, prémio que testemunha um olhar humanista e generoso através da fotografia.
Fé, é um projecto onde através da fotografia, Mário explora a prática do animismo em Moçambique, uma doutrina que vê a alma como o princípio central do funcionamento do organismo.
O prémio prova para o fotógrafo moçambicano “que não interessa a fronteira, a língua, as barreiras sociais, sejam políticas, religiosas” porque “no final do dia, se o trabalho falar por si, não há nada que possa bloquear”.
O anúncio foi feito a 11 de Abril pela Scam (Sociedade Civil dos Autores Multimédia).
O júri da 31a edição do prémio distinguiu o fotógrafo moçambicano que descreve como “uma das figuras de proa da nova geração de artistas moçambicanos”, cuja obra versa sobre “identidade, questões políticas e condições ambientais” e que trabalha com “grupos socialmente isolados para sensibilizar o público para várias injustiças e desigualdades sociais”.
“Moçambique e o continente Africano, têm artistas com um talento incomparável e que precisam de destaque e reconhecimento. Mário Macilau tem um olhar único e o seu trabalho muitas vezes promove uma realidade local, memória coletiva e simultaneamente nos faz pensar para mudarmos de atitude e tomar a direção social certa e dá a ver cenários desconhecidos do grande público”, afirmou Caroline Chatriot, diretora Cultural da Fundação Scam, a organizadora do concurso, citada pela Bantumen.
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O prémio conta com um valor monetário de 5.000 euros (350 mil meticais), atribuído pela Associação Scam Vélasquez, e uma exposição na galeria Fisheye de 12 de Setembro a 21 de Outubro de 2023 que vai mostrar o conjunto de fotografias da série “Fé”.
Mário Macilau começou a trabalhar neste tema em 2011 e nunca o abandonou porque quis resgatar essa identidade, numa tentativa de resistência e de valorização.
“É algo que está mais ligado à preservação da cultura local e tentar mostrar à comunidade que não tem nada de errado se alguém frequenta esse grupo ou esse movimento religioso normal. É uma crença como qualquer outra crença.”
Mário Macilau
Para isso, fez sempre um trabalho de imersão nas comunidades e a confiança foi sempre a senha de entrada. “É preciso ir com muita calma. É preciso ir com muita cautela. Não é um trabalho de um dia para o outro.”
A Roger Pic Award premeia todos anualmente trabalhos fotográficos, em memória de Roger Pic, um renomado Francês diretor de fotografia e defensor dos direitos autorais.
O júri, inspirado pela abordagem humanista e generosa de Roger Pic, tem em consideração a sensibilidade e originalidade dos autores.




