Moçambicana torna-se mestre em Astrofísica em Londres

Yara Hermínia

Chama-se Yara Hermínia e adquiriu recentemente o grau de mestre em Astrofísica através da Universidade De Leeds no Reino Unido, tornando-se na segunda moçambicana que alcança o mesmo feito.

Com 27 anos de idade e aspirante a cientista, decide fazer astrofísica em 2014 quando estava no segundo ano de faculdade, no curso de meteorologia, depois de ter uma disciplina chamada Introdução à Astrofísica.

Após a decisão, o primeiro desafio que a jovem teve foi a língua “embora já tivesse o nível medido pela universidade, o inglês britânico era muito diferente do que estava acostumada”.

Em segundo, foi o projecto para o curso, a dada altura, tinha que entender sobre programação em Python, coisa que não sabia muito e tornou-se muita coisa para conseguir logo no primeiro ano.

Sobre a conquista, Yara destaca que a informação foi mal divulgada, vários canais de informação distinguiram-na como a primeira moçambicana a adquirir grau de mestre em Astrofísica, mas na verdade é a segunda “existe uma mulher que é docente na UEM é que é doutorada em Astrofísica”, conta a estudante.

No entanto, olha para a posição como encorajador, tanto para motivar mais mulheres como também despertar o papel da tecnologia no futuro do desenvolvimento de países como Moçambique.

“Acho que a ciência e a tecnologia deviam ser um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento dos países do terceiro mundo, por isso é muito importante ter mulheres cada vez mais envolvidas nisso.”

Yara Hermínia.

E sobre existência de mais mulheres na tecnologia, ou mesmo para Astrofísica, um dos grandes desafios é a falta do curso na maioria dos países em desenvolvimento, pouca divulgação sobre sua importância e aplicação.

Para as mulheres em particular, um dos desafio é ir contra as “leis”da sociedade, uma vez que a área exige muita dedicação, tempo e geralmente para se ter uma carreira de impacto a licenciatura não é suficiente, é necessário chegar a níveis maiores (mestrado e doutoramento).

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Como solução para essa situação “é preciso divulgar o curso, a aplicação, importância e o que está a acontecer pelo mundo em volta dessa área”, conta, acrescentando a necessidade de se falar das perspectivas futuras e do potencial crescimento que pode proporcionar aos países subdesenvolvidos.

Durante o seu mestrado, teve a oportunidade de realizar uma pesquisa sobre regiões de formação de estrelas de alta massa no plano galáctico sul da via láctea, usando uma técnica que se chama interferometria.

Interferometria é uma técnica em que vários rádio telescópios são colocados juntos para funcionarem como se fossem um e assim fornecerem imagens de alta resolução.

Para o doutoramento, pretende estudar a evolução do hidrogênio molecular ao longo do tempo cósmico usando dados de um rádio telescópio chamado Meerkat localizado na África do sul e através do interferômetro que está na Austrália (que usou durante o seu mestrado).

Os estudos poderão contribuir nos conhecimentos já existentes sobre a evolução e “revelar coisas do universo que ainda não sabemos”.

“Para o futuro me vejo a trabalhar na evolução do universo e na formação de estrelas massivas usando interferômetros muito  potentes que estão em construção na África do Sul.”
Yara Hermínia.

Com o seu conhecimento e experiência em astrofísica, espera contribuir para o desenvolvimento científico e tecnológico de Moçambique e do continente africano de forma presencial em Moçambique, possa concorrer para fundos de pesquisa internacional dirigidos a África para um lançamento e colocação do país e o continente no que diz respeito à pesquisas em astronomia e assim tornar possível atrair investimentos para construção de um rádio observatório localmente.

Trazer um rádio observatório em Moçambique seria uma valia, pois abriria espaço para criação de mais postos de emprego nas ciências e tecnologias e garantiriam um recurso próprio para investigações a nível nacional e internacional.

“Espero muito crescimento, assim como eu estou a me formar existem outros jovens no mesmo caminho. Com isso, acredito em algum progresso, pelo menos a altura de acompanhar o desenvolvimento que está a acontecer um pouco por toda África no que diz respeito à astronomia”, termina.

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