Nos dias 16, 17 e 18 de Junho, a MozDevz, comunidade moçambicana de desenvolvedores, realizou na Incubadora da Standard Bank em Maputo, a primeira edição do Wansati Hackathon.
Trata-se de um evento através do qual a organização busca desenvolver soluções tecnológicas que contribuam para o alcance da igualdade de gênero e empoderamento da mulher.
Ao total, juntaram-se ao evento, mais de 60 participantes que formaram 13 grupos para o desenvolvimento das soluções. E não foi somente na Incubadora, o evento também contou com a participação, no formato online, de grupos das províncias de Gaza, Nampula e Cabo Delgado.
O primeiro dia, esteve reservado à apresentação do programa, desafios e problemas enfrentados no alcance da igualdade do género, pontos importantes que marcaram o evento durante os três dias da sua realização.
Os masterclasses foram dirigidos por profissionais da área de tecnologia e justiça de gênero, como é o caso de Karina Dulobo (Fórum Mulher), que abordou os desafios relacionados à igualdade de gênero e violência de gênero; Nélio Macombo (Gestor Sênior de Produtos na Vodacom), que destacou a necessidade de desenvolver produtos relevantes; Hélder Gove (Especialista em Redes), que ressaltou a importância da tecnologia USSD no desenvolvimento de soluções no contexto local.
Dentro das Masterclasses, os participantes também tiveram a oportunidade de explorar as formas de rentabilidade para projetos, por meio da apresentação de Carlos Mondle (Gerente de Serviços Financeiros Digitais na FSD Moç) que abordou a inclusão financeira nas soluções digitais.
E foi entre MasterClasses e intervalos que, durante os três dias, os grupos sentavam-se e caprichavam nas suas soluções para a apresentação final aos júris no último dia do evento.
Ao terceiro e último dia, para que os grupos não fizessem umas simples apresentação das soluções desenvolvidas, coube ao jovem Ivanilson António fechar com as Masterclasses, com lições sobre “Como fazer um Pitch Perfeito” ou fazer uma venda de sucesso que deixe os júris boquiabertos.
A escolha de Ivanilson para orientar sobre o que fazer e não fazer durante o pitch não foi por acaso. Dos hackathons em que o jovem participou, o seu grupo sagrou-se vencedor.
E foi no consumo de muito conhecimento que cada grupo buscou a sua forma de convencer os júris. Tanto que ao final das apresentações e ao anúncio dos vencedores, os júris revelaram que não foi tarefa fácil decidir os vencedores.
Para tornar o processo um pouco fácil, o júri teve que recorrer aos critérios do evento: clareza do problema que se busca resolver, inovação, escalabilidade e qualidade técnica.
Dentre as 13 equipes que participaram e apresentaram suas ideias, foram selecionadas e premiadas com um cheque no valor de 100 mil, 75 mil e 50 mil meticais, respectivamente, as equipes Wonder Tech, Dáskalos e 2I, classificadas em 1º, 2º e 3º lugares.
Wonder Tech obteve 318 com a solução designada “Ni Pfuni” (Ajuda-me) que permite ao público denunciar casos de violência através de um clique no botão de volume e de ligar o telemóvel, igual ao processo de captura de ecrã em alguns smartphones.
O projecto traz também a componente de mapeamento de zonas de riscos e também o acompanhamento às vítimas e trazer histórias que possam motivar mais denúncia dos casos através de um podcast.
Dáskalos obteve 312 pontos com sua plataforma, que conecta mulheres e revendedoras de produtos agrícolas aos produtores, proporcionando a possibilidade de fazerem seus pedidos à distância por meio de um serviço de entrega e pagamento via carteira móvel.
Com essa plataforma, o grupo tem a intenção de eliminar a actual situação em que as mulheres que trabalham na agricultura são obrigadas a acordar cedo e percorrer longas distâncias para adquirir os produtos.
Já o grupo 2I, conseguiu 288 pontos pela solução que consiste no uso do sistema USSD pelas populações nas zonas remotas para realização de denúncias de casos de violência doméstica.
O público alvo são as pessoas das zonas remotas em Moçambique onde prevalecem índices elevados de uniões prematuras e toda a violência baseada no género.
“Um capítulo que fico feliz de poder ter escrito junto da minha equipe”
Igor Sambo
Igor Sambo, actual presidente da comunidade, em descrição do evento, revela que foi este mais um teste sobre liderança e, com certeza, um dos capítulos da história da MozDevz que se orgulha por ter escrito ao lado da sua equipe.
“Foi super satisfatório pra mim poder ter esta visão e permitir que a equipe me ajudasse a colocar em prática, testando a vários níveis a minha capacidade de liderança, desde a validação da visão pela equipe, garantir que consigo transmitir a relevância da mesma”, revela em publicação no Linkedin.
E mais que tecnologia, o evento serviu de espaço para a partilha de conhecimento, criação e fortificação de conexões com base em jogos e desafios criados pela organização.
No rol da concretização do evento, a MozDevz contou com o patrocínio e apoio de entidades como Fórum Mulher, FSD Moç, Unicef, Standard Bank, Vodacom, IT Core, Maputo Frontenders e a OXFAM.
Neste momento, segue-se a fase de condução às equipas vencedoras à continuidade com os projectos apresentados para posterior lançamento ao público em geral.
Enquanto comunidade, a MozDevz garante a seu contínuo engajamento em gerar impacto por meio da inovação tecnológica, comprometido em promover a igualdade de gênero e desenvolvimento tecnológico inclusivo em Moçambique.