Rupia Júnior é o nome do roteirista moçambicano que se caracteriza como um “camaleão” com a capacidade de se adaptar em várias áreas como stand up comedy, cinema, animação, através da escrita. E tem encontrado na internet uma plataforma para dar voz às suas criações
Nascido em Maputo, aos 7 anos já criava suas próprias histórias. Em 2016 fundou o projecto Kadore ao lado do Milton Tinga (produtor) onde produziam vídeos no YouTube como sketches, vox pop (reportagens). Em 2019, entram oficialmente para o cinema com o lançamento de uma curta-metragem intitulada “Capim-uma nação perdida”, da qual participaram no concurso de cineastas do Centro Cultural Moçambique Alemão (CCMA).
A sua entrada ao cinema busca preencher um vazio na forma de contar histórias africanas para africanos e para o mundo, com um sonho de “poder transmitir as nossas histórias, porque primeiro, creio que somos as pessoas mais indicadas porque temos a paixão da arte, segundo por sermos africanos e não há melhor pessoa para contar as nossas histórias do que um africano”, e da essência de potencializar histórias africanas, resultou na mudança do nome Kadore para Kadore África.
Dentre as dificuldades enfrentadas, está a escassez de oportunidades, “tem um ditado que diz que nem sempre aquele que tem talento vencem, é necessário que esteja com as pessoas certas para te alavancarem”, e por este ser um mercado em que tudo ainda é novidade, às vezes resulta na má compreensão por parte da audiência, “mas estamos a lutar arduamente nesse aspecto, talento é bom sim, mas agregar contactos é super eficaz”.
Quanto aos pontos marcantes, destaca-se quando venceram o Prémio Internacional no Brasil, com o curta-metragem “Januário-o engenheiro a distância”, na categoria de Melhor Roteiro.
Dos filmes curtos aos longos, Rupia tem na internet a plataforma confiada, pois para o roteirista “a Internet é o futuro, e nós já estamos a viver o futuro, escolhi essa plataforma porque primeiro tens espaço e acessibilidade para crescer, fazer tua fanbase e criar networks com outros criadores, uma coisa que a mídia tradicional não te permite tanto assim, se nós vencemos um prémio fora, foi por causa dessa plataforma, então porque não investir mais?”.
Através do cinema Rupia pretende, fora dinamizar e revolucionar a forma de como são contadas as histórias, criar uma assinatura para o cinema nacional.
“O cinema de bollywood é um bom exemplo de como se faz uma óptima assinatura, eles em qualquer canto do mundo são incofundíveis, se nós conseguirmos fazer o mesmo ficaremos imparáveis”.
Rupia Júnior
Uma das recentes apostas da Kadore África é o Capitão Cafreal, “precisávamos de pensar fora da caixa, para que qualquer moçambicano pudesse se identificar de primeira, então surgiu-nos um Galo, e o nome também tiramos da galinha cafreal, visto que é um nome bastante popular aqui no sul, e a piada está em dar poderes de voo a um galo e dar o nome de cafreal visto que é designação para galinhas”, conta Rúpia.
Outro projecto cinematográfico recentemente lançado é o “Sem 100”, uma sátira fictícia que gira em torno de como os grandes executivos comandam a opinião pública através de influenciadores digitais, injectando dinheiro para que criem distrações extravagantes, fazendo com que a sociedade se esqueça de cobrar respostas e acções dos seus líderes.
Na lista dos sonhos, levarem as suas histórias a Netflix está na lista, como também, pretendem conquistar todo o mainstream a nível global (óscares e companhia).