O inglês é a língua dos negócios, e quem o domina tem o poder de ampliar as suas conexões. Esta foi uma afirmação que Denise Ivone, activista digital, compreendeu desde cedo. No entanto, inicialmente, faltaram-lhe condições para custear um curso.
“Não tinha condições para pagar um curso caro, nem para aceder a métodos sofisticados. Para além do ensino secundário, onde, como todos, tive Inglês como disciplina, porém sem resultados verdadeiramente significativos, nunca frequentei qualquer curso complementar”, explica.
A realidade levou-a a procurar, de forma autónoma, métodos criativos e acessíveis para o domínio da língua. Foi então que percebeu ser possível aprender Inglês de forma eficaz, sem gastar fortunas ou seguir métodos tradicionais.
Uma experiência que a fez compreender que o maior bloqueio não era a capacidade de aprender, mas sim o medo de errar, a sensação de que “isto não é para mim”. A partir daí, pensou: e se pudéssemos aprender de forma leve, divertida, usando tudo aquilo que já faz parte da nossa vida?
1001 Formas Criativas de Aprender Inglês
Em resposta, nasceu o e-book “1001 Formas Criativas de Aprender Inglês”, através do qual procura demonstrar que o Inglês está em todo o lado: na música que ouvimos, nos filmes que vemos, nas pequenas rotinas do dia-a-dia, e que todos podem alcançar a fluência com engenho, disciplina e um pouco de paixão.
O livro surge como um suporte adicional para o estudo da língua inglesa, sem pretender substituir os manuais convencionais. Contudo, já se tornou um best-seller, segundo partilhou connosco a autora.
O livro ultrapassou já as 2.000 vendas, exclusivamente online, e figura como um dos e-books mais vendidos no país, sem o apoio de editoras tradicionais nem campanhas publicitárias de grande escala.
“Milhares de leitores encontraram no e-book uma ferramenta prática, acessível e transformadora para o seu percurso no Inglês”, conta Denise.
O êxito do projecto representa, para a jovem, o reflexo directo de uma relação construída com autenticidade, verdade e compromisso nas suas redes sociais, onde reúne cerca de 200.000 seguidores. Mais do que os números, acredita que a forma como sempre se comunicou fez a diferença.
“Desde o início, partilhei a minha jornada com total transparência: mostrei as dificuldades, as estratégias, os erros e os progressos. Nunca me coloquei num pedestal; pelo contrário, sempre fiz questão de mostrar que aprender Inglês era possível, mesmo sem recursos, desde que houvesse disciplina, criatividade e vontade”, explica.
A criação do e-book exigiu da jovem a capacidade de organizar ideias de forma a que fossem verdadeiramente acessíveis a qualquer pessoa, independentemente do seu nível de conhecimento ou dos recursos de que dispusesse, aliando estratégias simples, criativas e, sobretudo, realistas para quem aprende sem apoio formal.
Outro desafio foi manter o equilíbrio entre criatividade e consistência. Procurou que cada sugestão fosse prática, mas também inspiradora, para que o leitor não se desmotivasse ao longo do percurso.
“Houve também o desafio de gerir o tempo. Estava num período delicado do meu mestrado, com exigências académicas muito intensas, e conciliar esse ritmo com a dedicação necessária para criar o e-book exigiu bastante disciplina, paciência e, sobretudo, paixão”, revela.
A oportunidade de abrir portas que permaneceram fechadas
A afirmação “o Inglês é a língua dos negócios” tem hoje um peso real na vida da jovem, pois, através da sua dedicação a esta língua, conseguiu conquistar a mais prestigiada bolsa de estudos da Chevening, que lhe permitiu estudar em Inglaterra — um dos momentos mais emocionantes da sua vida académica e profissional.
Com o seu e-book, pretende oferecer precisamente essa possibilidade: a oportunidade de abrir portas que, sem o domínio da língua, permaneceriam fechadas.
“A proposta do e-book é justamente mostrar aos jovens que o Inglês não é apenas uma disciplina escolar, mas uma ferramenta poderosa de transformação, liberdade e expansão de horizontes.”
Para além da bolsa de prestígio, conseguiu aceder a oportunidades de emprego em organizações internacionais e já não se sente isolada em conferências e eventos em que participa, ainda que a capacidade de comunicar sempre tenha feito parte de si.
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Numa época em que o audiovisual domina, lançar um e-book pode parecer algo ultrapassado, mas Denise viu neste formato a consistência aliada ao sonho de ter um livro publicado.
O e-book é um convite à reflexão e à prática consciente, algo que os formatos rápidos muitas vezes não conseguem proporcionar, oferecendo a possibilidade de consultar a informação hoje, amanhã ou daqui a um ano.
“Não se trata de um conteúdo que desaparece ao fim de 24 horas, nem de algo que se perde no meio do algoritmo. É um recurso tangível, que acompanha o ritmo de cada pessoa e permite que o conhecimento seja consolidado de forma mais profunda”, afirma.
Neste momento, a comercialização do e-book faz-se exclusivamente através da plataforma Educável, uma escolha que resulta do facto de esta se revelar perfeita para os seus interesses enquanto criadora de conteúdos educativos.
Mais do que vender um produto, importa manter uma relação directa com quem a acompanha, com transparência, confiança e qualidade. E, por agora, acredita na Educável como o espaço ideal para tal, destacando o suporte ao público, o controlo do acesso ao conteúdo e a forma justa como remunera os criadores.
A distribuição integralmente em formato digital demonstra, segundo a autora, a força do empreendedorismo criativo, a democratização do conhecimento e a importância das novas tecnologias na educação contemporânea.
O Inglês deixou de ser um luxo e passou a ser uma necessidade
Num mundo cada vez mais globalizado e digital, Denise considera que a busca pelo domínio da língua inglesa, em Moçambique, é cada vez mais relevante, não por imposição cultural, mas como uma estratégia consciente, sobretudo entre os que procuram estudar no estrangeiro, aceder a bolsas internacionais, participar em conferências globais ou, simplesmente, melhorar a sua empregabilidade.
“Como panafricanista, acredito firmemente que dominar o Inglês pode ajudar-nos a defender melhor as nossas causas no exterior; mas preservar e valorizar as nossas línguas é o que nos mantém enraizados”, ressalta.
Para Denise Ivone, cada venda simboliza uma história de superação, de coragem, de pessoas que, tal como ela, decidiram apostar em si próprias e na sua educação, mesmo sem grandes recursos.