A Inteligência Artificial (IA) tem surpreendido e inspirado milhões de pessoas nos últimos meses com a sua capacidade de escrever como um ser humano, de criar fotografias e filmes incríveis e até de criar canções que estão a influenciar a indústria musical.
Um novo sistema de inteligência artificial pode traduzir a atividade cerebral em texto contínuo. O sistema poderá revolucionar a comunicação para pessoas incapazes de falar devido a doenças como o AVC.
Segundo o que os pesquisadores revelaram, a Inteligência Artificial é capaz de ler a mente das pessoas. A equipa tem vindo a desenvolver e a aprimorar este sistema de Inteligência Artificial para que assim seja possível converter a actividade cerebral de uma pessoa num fluxo contínuo de texto.
Designado por descodificador semântico, o sistema mede a actividade cerebral com um scanner de fMRI (ressonância magnética funcional) e pode gerar texto apenas a partir da actividade cerebral.
De acordo com os investigadores responsáveis pelo trabalho, da Universidade do Texas (UT), em Austin, a Inteligência Artificial poderá um dia ajudar as pessoas mentalmente conscientes, mas incapazes de falar fisicamente, como as pessoas que sofreram acidentes vasculares cerebrais graves.
Segundo Alex Huth, professor assistente de neurociência e ciência da computação na Universidade de Texas, e um dos autores do trabalho, realça que para um método não invasivo, este é um verdadeiro salto em frente em comparação com o que foi feito antes, que é tipicamente palavras únicas ou frases curtas.
“Estamos a conseguir que o modelo descodifique linguagem contínua durante longos períodos de tempo com ideias complicadas”.
Alex Huth
Há outros sistemas de descodificação de linguagem em desenvolvimento, mas estes requerem implantes cirúrgicos, que são classificados como sistemas invasivos.
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No caso do sistema semântico, não é invasivo, uma vez que não necessita de implantes. Ao contrário de outros descodificadores, os sujeitos também não estão limitados à utilização de palavras de uma lista prescrita. A IA é treinada extensivamente com exames efectuados enquanto o sujeito ouve horas de podcasts. Depois disso, o sujeito ouve uma nova história, ou imagina-se a contar uma história, e a sua actividade cerebral gera o texto correspondente.
Segundo os investigadores, os resultados não são uma transcrição palavra por palavra do que o sujeito ouve ou diz na sua mente, mas o descodificador capta “a essência” do que está a ser pensado.
Por exemplo, numa experiência, um ouvinte escutou um orador a dizer: “Ainda não tenho a minha carta de condução”, e a máquina traduziu os seus pensamentos para: Ela ainda nem começou a aprender a conduzir.
Os investigadores também solicitaram aos sujeitos que vissem pequenos vídeos silenciosos enquanto eram analisados, e a IA conseguiu utilizar a sua actividade cerebral para descrever com precisão alguns acontecimentos dos vídeos.
Para os investigadores, o processo poderia ser transferido para sistemas de imagiologia cerebral mais portáteis, como a espetroscopia funcional de infravermelhos próximos. Actualmente, não é possível uma utilização mais alargada devido à sua dependência das máquinas de RMN.
Para que o sistema funcione perfeitamente, a pessoa precisa de passar até 15 horas deitada num aparelho de ressonância magnética, de forma imóvel e a prestar atenção às histórias que está a ouvir.
Fonte Euro News