No ano passado, Moçambique registou restrições no fornecimento de internet. A factura dos custos resultantes desta situação chegou e é bem gorda.
De acordo com o relatório Custo Global de Desligamentos da Internet da Top10VPN, Moçambique perdeu cerca de 14,6 milhões de dólares devido às restrições de internet, e 8 milhões de pessoas, dos 11 países com acesso à internet no país, foram afectadas.
As restrições que geralmente surgem justificadas sob o pretexto de proteger a segurança nacional e são criticadas pelo público por violarem direitos humanos fundamentais, como a liberdade de expressão, o acesso à informação, e contradizem os compromissos declarados dos governos com o desenvolvimento do sector digital.
No relatório, o país aparece na vigésima posição da lista global que engloba 28 países observados, e é o único país dos Países Africanos de Língua Portuguesa (PALOPs) que registou as restrições.
O estudo indica que as restrições aconteceram em resultado de manifestações pacíficas e no somatório, a duração foi de 402 horas, que corresponde a cerca de 16 dias.
Os custos a nível do berço da humanidade (África)
Cerca de 13 países africanos registaram restrições de internet. Trata-se de Sudão, Etiópia, Quénia, Argélia, Guiné, Mauritânia, Senegal, Moçambique, Chade, Maurícia, Tanzânia, Papua Nova Guiné e Guiné Equatorial.
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De acordo com relatório, o continente perdeu cerca 1,5 bilhões de dólares devido aos cortes de internet, o que representa 19% do total de 7,69 bilhões de dólares perdidos globalmente com cortes de internet.
O Sudão aparece em primeiro lugar e perdeu 1,12 bilhões de dólares. Nesta região os cortes duraram mais de 12.707 horas, ou seja, mais de 529 dias.
O corte de internet no Sudão deve-se principalmente a um conflito prolongado no país, que já causou 13.000 mortes e deslocou mais de 10 milhões de pessoas.
Depois do Sudão, destaca-se Quénia e a Etiópia, que cortaram a internet devido a protestos populares. Ambos os países perderam 75 milhões de dólares e 211 milhões de dólares, respectivamente.
No continente, curiosamente, o principal motivo para os cortes de internet são os conflitos. Na Ásia, onde ocorreram mais cortes em 2024, a principal causa foram as eleições.
Os países africanos continuam a figurar na lista dos maiores perdedores e, desta vez, Nigéria destaca-se como um dos países que menos teve restrições de internet no continente
Em termos de redes sociais, o X (Twitter) foi a plataforma mais bloqueada, sofrendo 20.322 horas de interrupção deliberada, seguido pelo TikTok (8.115 horas) e Signal (2.880 horas).