Grace Wanna, a jovem que luta pelo fim da exclusão digital

Grace Wanna, engenheira informática
Grace Wanna, engenheira informática

A transformação digital já é uma realidade em Moçambique, e, à medida que esta evolui, há uma necessidade de garantir que ninguém seja deixado para trás. Ciente disso, a jovem engenheira informática Grace Wanna decidiu fazer da sua profissão uma luta pela inclusão digital.  

Ao conectar mais moçambicanos ao mundo digital, não só pretende reduzir as desigualdades internas, mas também posicionar o país de forma mais competitiva no cenário global.  

A história teve início no quarto ano da faculdade, através de uma oportunidade de participar como mentora num projecto de empoderamento de raparigas. Esta actividade fez com que percebesse que o seu propósito de vida é defender a literacia e a inclusão digital.  

“Quando percebi que havia jovens, mesmo em zonas urbanas, que nunca tinham tocado ou sequer visto um computador, isso mexeu muito comigo e fez-me reflectir: se essa é a realidade na cidade, o que dizer das zonas rurais? Foi aí que entendi que precisava fazer algo mais para mudar essa realidade”, conta-nos.  

Com o propósito identificado, a jovem decidiu dedicar-se a trabalhar para a ampliação da literacia digital, actividade que realiza através de capacitações online sobre habilidades digitais e segurança digital para algumas associações.  

Contribuir para um Moçambique mais conectado

Para Grace, este é um passo para ampliar o desenvolvimento do país, num cenário em que se percebe que ninguém deve ficar de fora das oportunidades que a tecnologia pode oferecer.  

Além disso, vê na inclusão digital um impulsionamento do desenvolvimento do país em diferentes sectores, como educação, saúde, agricultura e empreendedorismo.

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A missão, por si só, não é fácil. Grace deparou-se com a falta de infraestruturas adequadas como o grande desafio nesse caminho de inclusão. Por diversas vezes, precisou de trabalhar em contextos onde os recursos tecnológicos eram limitados ou inexistentes, tendo de ser resiliente para alcançar os objectivos.  

“Por exemplo, ao formar professores em TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação), nem sempre havia computadores suficientes ou as condições ideais, mas aprendi a adaptar os recursos disponíveis para fazer a diferença”, revela.  

Com isto, uma das maiores lições é que, mais importante do que os recursos que temos, é a força de vontade e a capacidade de transformar o pouco em muito.  

Wanna assume que, ao alinhar os recursos à realidade que queremos mudar, podemos alcançar grandes resultados, mesmo nas condições mais adversas. Uma mentalidade que a ajudou a superar desafios e a fortalecer o seu compromisso com a inclusão digital e a educação tecnológica no país.  

“A expansão da inclusão digital é uma oportunidade para nós como povo. Com mais acesso às tecnologias e à literacia digital, podemos abrir portas para muitas oportunidades de trabalho, especialmente em áreas que antes eram inacessíveis para a maioria”, explica.  

E, para que isso aconteça, acredita que é preciso iniciar o trabalho pela base. Por isso, está nos seus planos um novo projecto de literacia digital com foco nos professores, para que, posteriormente, estes possam transmitir o conhecimento aos educandos.  

Com a capacitação dos professores e comunidades com competências digitais, Grace quer construir as bases para uma educação mais moderna e inclusiva, que pode transformar a forma como as crianças aprendem e se preparam para o futuro.  

Ademais, vê aqui a redução da exclusão digital, especialmente em áreas onde o acesso à tecnologia é limitado, criando oportunidades para que mais pessoas tenham acesso a melhores empregos, informação e inovação.  

Girl Move Academy: uma trajetória marcante  

Ao longo da sua trajectória, destacou-se a sua participação no Programa Change da Girl Move Academy, que foi um momento transformador pelo acesso a ferramentas essenciais que está a utilizar.  

“Proporcionou-me um amadurecimento significativo, tanto a nível técnico quanto pessoal, ao mesmo tempo em que me permitiu sentir o impacto real do trabalho na vida das pessoas”.  

Anteriormente, trabalhou como IT numa startup, onde adquiriu experiência prática em sistemas e suporte técnico. Também actuou como instrutora de Informática Básica, ajudando alunos e profissionais a desenvolverem competências essenciais no uso de computadores.

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