Em 2023, em celebração do mês da mulher moçambicana, a Kabum apresentou as vozes femininas dignas de atenção do público pelas suas actividades na área.
No total, sete mulheres tiveram o seu destaque, e entre elas estava listada Euclésia Cádia. Na altura, estava a iniciar a sua carreira como social media, e hoje abraçou novos desafios, e está agora como Designer de Processos no banco comercial ABSA.
Num encontro com esta rápida evolução, a Kabum sentou-se com a jovem, que contou como tudo aconteceu e como tudo está actualmente, desde conquistas e ambições.
A sua carreira iniciou-se após a pausa no curso de Engenharia Informática na Universidade Eduardo Mondlane. Enquanto procurava por novas oportunidades, surgiu a possibilidade de explorar a área da Gestão de Redes Sociais, recomendada pelo amigo e designer Abdul Satar.
Identificada a nova oportunidade, pesquisou mais sobre o assunto e, no meio de tudo, surgiu o primeiro estágio, que lhe abriu a porta para, posteriormente, aplicar os ensinamentos na Kutiva, uma marca moçambicana dedicada à formação profissional de jovens em tecnologia.
Na Kutiva, desempenhou funções como Social Media Manager (Gestora de Redes Sociais), cuidou da parte de vendas dos próprios cursos e ampliou as suas habilidades em estratégias e produção de conteúdo.
Do Social Media para Designer de Processos
Com os cursos lançados e posicionados no digital, decidiu, mais uma vez, rumar para um novo desafio, neste caso, para a Infopel, atraída pela busca da empresa pelo posicionamento digital.
“A primeira coisa que fiz foi colocar a empresa no digital. Eles não tinham perfil no Instagram. O Facebook era uma página meio assim. Então, eu organizei esta parte da presença digital”, conta.
Dentro disso, pela sua proactividade, foi-lhe atribuída a missão de cuidar da gestão de projectos e da análise de sistemas. Um dos primeiros desafios foi a criação do processo selectivo para a contratação de novos desenvolvedores, onde viria a redesenhar o processo, uma vez que o anterior se demonstrava complicado.
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Consequentemente, a criação do processo fez com que se envolvesse com a Gestão de Processos de Negócio (BPM, na sigla inglesa).
Na Propel, Euclésia viu o seu crescimento profissional com o desenvolvimento de novas habilidades, desde a gestão à administração, mas sentia a necessidade de ter mais do que já tinha.
“Numa empresa pequena, é mais fácil aumentar o trabalho do que, por exemplo, conseguir uma promoção de salário ou até de cargo. Eu tinha interesse em Gestão de Produtos, mas ali dentro não havia muito espaço para isso. Queria novas coisas, novos desafios”, explica.
Na busca por novas oportunidades, entre várias candidaturas, cruzou-se com uma ligada à Gestão de Projectos e BPM, onde se candidatou, sem inicialmente saber que era para o banco ABSA, até à chamada para a entrevista, num processo que durou três semanas até à sua contratação.
No ABSA, encontrou o ambiente de trabalho que esperava, um regime híbrido em que se valorizam os resultados acima de qualquer outra coisa, sem controle rigoroso, com uma dinâmica extremamente jovem.
“Quero ser a luz para as mulheres na tecnologia”
De todo o processo, desde a primeira vaga até à chegada ao ABSA, Euclésia considera que tudo se baseou na autenticidade, no reconhecimento das suas habilidades e na sua demonstração ao mundo.
A sua meta é, com a carreira iniciada, ser uma luz para as pessoas à sua volta, dando-lhes esperança para o sucesso.
“Parece romântico, mas quero ser luz. Quero estar com alguém e fazer com que os seus horizontes se expandam. O que achas que podes fazer antes de estares comigo expandirá”, explica.
Para que isso não seja apenas um sonho, e mais do que trabalhar e desenvolver empresas, pretende, alinhada ao seu propósito, empreender na área, tanto que é co-fundadora da Wansati Lab, uma iniciativa de promoção de projectos em tecnologia.
“Para receber bem, é preciso saber negociar”.
Euclésia teve como primeiro salário algo inferior ao salário mínimo actual, e, em análise das questões de remuneração, acredita que é um ponto que merece melhorias, pois muitas vezes não compensa o esforço que é feito pelos profissionais.
No entanto, não considera que a culpa seja só das empresas, mas também dos jovens que têm dificuldades em negociar o salário.
“Nós temos problemas em negociar, e para receber bem, é preciso saber negociar. Por causa disso, acabamos por receber mal.”
Saber negociar significa recusar a proposta apresentada, mostrando as suas habilidades e o respectivo valor.
Ainda na mesma linha, defende a necessidade de mais plataformas que promovam as mulheres na tecnologia, para que possam servir de inspiração aos outros jovens e saibam como posicionar-se no mercado.