Era para ser apenas mais um hobbie ou uma atividade para os tempos livres, mas a paixão por games/jogos acabou por levar Bernardo Mungoi, jovem moçambicano de 23 anos, ao mundo da criatividade, mais especificamente ao Design e Tecnologia, onde actua há mais de 5 anos e actualmente é diretor criativo.
Apaixonado por desafios, novas experiências e oportunidades de crescimento profissional e pessoal, ao longo da sua carreira teve a oportunidade de trabalhar em vários projetos governamentais e privados.
Desde criança que tem gosto por desenhar e jogos. Durante a adolescência que tem interesse pelo mundo da tecnologia, sendo assim, quando chegou o momento de escolher um curso a seguir para o ensino superior, resolveu escolher uma carreira que juntasse os dois, nesse caso design.
É formado em Design e Tecnologia das artes pela Universidade Pedagógica de Maputo, em Tecnologias de Informação e Comunicação pelo IFPELAC. Conta com formações online de Programação na plataforma Udacity e cursos de Animação, criação de marcas e logotipos e Marketing na plataforma Domestika.
Iniciou-se na agência Explicador(2019) e Spreepass (2020) onde foi designer Gráfico e de UI/UX. Na mesma altura, até 2021, fez parte de uma das primeiras equipes da agência Signus onde foi designer e foi Desenvolvedor de Realidade Aumentada e Virtual para marcas como Standard Bank, We Effect, Wateraid, Prudence.
A sua saída da Agência Signus acontece com a contratação para o Grupo Soico, uma das maiores empresas de comunicação do país, onde por um ano foi Director Criativo em projectos da instituição como MozGrow e Moztech.
“Fora do escritório eu gosto de me manter activo e actualizado sobre as tendências e notícias sobre design e Realidade Aumentada e Virtual. Gosto de assistir e de videojogos”
Com a sua entrada no mundo criativo, busca comunicar de forma clara e objectiva, com criação de designs visualmente agradáveis que não apenas se comuniquem de maneira eficaz, mas também cativem a audiência com sua beleza e estética.
“Às vezes é difícil criar novas ideias”.
Bernardo Mungoi
O alcance destes objectivos, inclui vários acidentes ao longo do percurso, e o mais comum no mundo da criatividade: bloqueio criativo. Segundo Bernardo, por ser uma área que requer que os profissionais tenham sempre ideias inovadoras e visualmente atrativas, às vezes é difícil criar novas ideias.
“Outra dificuldade é balançar a minha visão artística com as demandas do cliente, especialmente em projectos que já tenham uma imagem e regras estruturadas”, contudo, estes desafios têm servido como para a constante evolução na área criativa.
Actualmente faz parte da agência de comunicação e publicidade Brand Lovers. Tudo teve o seu início quando uma antiga colega do Grupo Soico que trabalhava na Brand Lovers nesse período partilhou com o mesmo a vaga.
De lá até aqui a experiência “tem sido muito boa, tenho a oportunidade de trabalhar com uma equipe muito diversificada e talentosa. Pela variedade de marcas com as quais trabalhamos tenho a oportunidade de expandir as minhas habilidades criativas de várias formas.
Com a Brand, já trabalhou na concepção da comunicação visual de marcas como Vulcan, Rama e MBC, porém, a sua “filha” é a Access Bank, para a qual desenvolve comunicações internas e externas tanto para o offline como para o digital.
Como está a criatividade em Moçambique?
Com 5 anos a operar no mundo criativo, acredita que o ecossistema da criatividade em Moçambique vem se desenvolvendo exponencialmente. Um dos principais impulsionadores é a internet/redes sociais que facilitam a criação e a difusão de informação.
A nova realidade facilita, segundo Bernardo “a exposição dos trabalhos, ideias e conceitos dos profissionais criativos, criando uma competição saudável entre agências e profissionais”,
Assume que como profissional criativo é dever de todos contribuir activamente para o desenvolvimento da sua área, contudo, quase que não se encontra na internet, trabalhos da sua autoria.
Bernardo destaca duas razões, a primeira é pela preferência por privacidade profissional, pois “acredito que o tipo de conteúdo a partilhar na internet é conteúdo que informa, entretém e inspira, isso cria uma conexão com a audiência e caso alguém se interesse e queira ver os meus trabalhos eu não me importo de partilhar”, revela.
A segunda razão está conectado com o tempo, onde assume que manter uma presença online, especialmente nas redes sociais ou websites, pode ser demorado. “Como designer e empreendedor tenho uma carga de trabalho pesada, e muitas vezes opto por priorizar projetos de clientes em vez de visibilidade online”.
Um dos pontos marcantes da sua carreira está conectada com o início da carreira, isto no seu primeiro estágio, onde junto de outros dois colaboradores participaram de um Hackathon sobre Inovação e Inclusividade para jovens com Deficiência lançado pelo UNFPA, Fundo das Nações Unidas para a População, em parceria com a ONG Associação Italiana Amigos di Raoul Follereau (AIFO).
O desafio era criar a aplicação para que pudesse ser totalmente acessível a pessoas com diferentes deficiências. A equipe ocupou o primeiro lugar e serviu para perceber o impacto positivo que a sua profissão pode ter nas pessoas quando se comunica de forma acessível a todos.
O desejo da aposentadoria aos 28/30 anos
Daqui a 5 anos Bernardo Mungoi almeja um aposentadoria, mas caso não se concretize deseja trabalhar na sua agência criativa (Advera) de forma interina, como director Criativo e gestor.
Outro sonho é trabalhar com uma equipa de profissionais criativos talentosos e em projectos que possam impactar positivamente no desenvolvimento do país. Também quer “trabalhar em projectos internacionais e explorar a área de design em vários cantos do mundo e ser uma referência para os outros profissionais da área criativa e ajudá-los a desenvolver através da difusão de conhecimento sobre design, tecnologia, comunicação entre outros”, conta.
Na sua jornada, é inspirado por três moçambicanos: Dario Mungoi, Matateu Ubisse e Daniel David.
Dario Mungoi foi quem apresentou ao Bernardo a tecnologia e além disso, é o seu mentor e “um exemplo a seguir para todos os jovens que aspiram o mercado de trabalho internacional”, conta.
Já Matateu Ubisse entra na lista por ter influenciado no seu crescimento como criativo profissional através da liberdade de executar o seu trabalho de forma independente. É para Bernardo “uma das mentes mais criativas do nosso país, e que as pessoas deviam aprender mais com ele”.
No caso do Daniel David (PCA da Soico Televisão/Stv) por ser uma referência nacional de empreendedorismo e pelo seu contributo na área de comunicação em Moçambique.
“Ao criar, é preciso encontrar propósito em cada detalhe, garantindo que os designers não apenas se comuniquem, mas também elevem a própria essência da narrativa visual”.
Aos mais novos na criatividade, como conselho, Bernardo Mungoi recomenda a dedicação do tempo com a criação de portfólios valiosos, estar sempre atualizado sobre tendências internacionais da área, criar networking e relações com profissionais, ser aberto a experiências totalmente diferentes do habitual.
O que também não fica por fora é o domínio da língua do negócio, inglês, e posteriormente outras línguas que possam ajudar na comunicação com outro mundo e exterior e ser paciente, pois “oportunidades para trabalhar requerem tempo e esforço constantes”.
Como projecto de “estimação” tem a Advera, agência com a qual ensina sobre Design, tecnologia e Marketing através de vídeos animados e imagens informativas de forma simples e clara.