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Moçambique está sofrer uma colonização tecnológica, diz Paulina

Paulina Chiziane
Paulina Chiziane, escritora moçambicana

Recorrer ao Ocidente para todas as respostas científicas e ao pouco conhecimento do nosso país configura, para a escritora moçambicana Paulina Chiziane, o nascimento de uma nova era de colonização: a tecnológica. 

A afirmação é trazida pelo Jornal O País, aquando da participação da escritora na cerimónia de celebração dos 60 anos da Faculdade de Veterinária da Universidade Eduardo Mondlane, onde foi uma das principais oradoras. 

Segundo Chiziane, os cientistas que Moçambique tem formado desconhecem a terra que os viu nascer, e, após a colonização vir em nome da religião, tem surgido uma nova forma em Moçambique que acontece por meios tecnológicos. 

A escritora sustenta a afirmação pelo facto de se recorrer ao que é produzido pelos cientistas de outros cantos do mundo em detrimento da produção de conteúdo identitário. 

“Estamos a absorver o ‘Google’ e a ‘internet’, que é o Ocidente, das Américas, mas nem conhecemos nada no nosso país. Pouco ou quase nada conhecemos do nosso próprio continente e julgamos que somos alguma coisa”,  

disse a escritora citada por O País.

Porque quem apresenta um problema deve ter ideia da solução, para a escritora, é preciso reconhecer que com a absorção do que é feito fora, nada somos, e para que sejamos algo há que se olhar para a transcendência, do que se quer que Moçambique seja futuramente. 

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“Quando falo da transcendência, estou a falar daquilo que um dia iremos ser, uma comunidade livre, que sofre este colonialismo tecnológico e a que nos submetemos pensando que somos alguma coisa. Temos, sim! Isso é real, temos uma casa, temos um professor… temos, mas não somos”,

explicou Paulina Chiziane.

África precisa desenvolver sua própria tecnologia

Esta não é a primeira vez que a escritora questiona o envolvimento dos moçambicanos e africanos com a tecnologia. No evento organizado pela Revista Forbes em Abril, onde foi condecorada com o Prémio de Liderança e Responsabilidade Social, a escritora defendeu a necessidade de criação de soluções tecnológicas que espelham a realidade africana. 

“O que África precisa é de gente consciente que conheça a sua história, as suas origens, e que respeite o seu lugar. Precisamos reverter o quadro e olhar para os nossos países com os olhos da liberdade”,

explicou aos presentes no evento. 

A escritora defendeu a necessidade dos africanos aprenderem sobre o desenvolvimento das tecnologias, mas que não seja para replicar, e sim para a criação da própria tecnologia. 

Paulina Chiziane é uma das grandes vozes da cultura moçambicana, destacando-se como a primeira mulher que publicou um romance em Moçambique, Balada de Amor ao Vento (1990), onde aborda a questão da poligamia no país.

FonteO País

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