Hélio Pene ou “Link”, nome escolhido para assinar seus trabalhos, expoe-se como “um fã da cultura pop, da ilustração, e aventureiro no “universo fantástico” do qual não desejo regressar.”
Contar histórias em formato ilustrado tornou-se o seu modo de vida e é nesse habitat, onde encontra um espaço livre para explorar formas próprias e únicas de se expressar.
O seu primeiro contacto com a ilustração foi por volta dos 8 anos quando tentava recriar os filmes, jogos e desenhos animados que assistia. Mais tarde, por volta dos 20 anos, teve o seu primeiro contacto com a ilustração de forma profissional quando um amigo lhe pediu ajuda para um projecto em que estava a trabalhar. Nessa altura não fazia ideia, ainda, que poderia, no futuro, vir a utilizar o seu trabalho como ilustrador para “pagar as contas”.
Actualmente trabalha no ANIMA Estúdio Criativo em Moçambique. Ele participa na criação e desenvolvimento de conceitos de linguagens comunicativas em várias vertentes e cria mecanismos de comunicação institucionais para vários fins, como a criação de marcas, sua aplicação física e digital. Dos projectos que já colaborou, desde edição de livros, animação e banda desenhada, destaca-se o mais recente projecto e promissor do Anima, Os Informais.
Trata-se de uma banda desenhada que transformou os trabalhadores informais em super-heróis. Os Informais é a primeira banda desenhada moçambicana de super-heróis e conta em ilustrações do Link Pene, a história de personagens como o Paíto e o Esmalte, que vivem num “contraste insuportável entre a cidade e os subúrbios”.
Para Hélio, a homenagem é um alerta para não ao esquecimento dos destes comerciais e ilustrar as formas como eles ganhão o sustento e os perigos que os rodeiam.
Essa história é baseada em vendedores que buscam um meio de subsistência honesto para ter uma vida digna.
“O objectivo é dar visibilidade a esses vendedores e não necessariamente uma voz, pois atualmente, a informalidade ainda é considerada marginalizada. No entanto, se aprofundarmos no assunto, percebemos que esse setor representa mais de 70% do comércio, e essas pessoas merecem respeito e dignidade”.
Hélio Pene
Os Informais marcaram uma volta à banda desenhada, e a revitalização deste mercado e sobre a responsabilidade de ilustrar “Os Informais”, Hélio afirma que, como ilustrador, ilustra para a sociedade como um todo e não apenas para si mesmo. Dessa forma, a responsabilidade começa a partir do momento em que as pessoas se interessam pelo trabalho e esperam mais dele. A pressão nesse sentido é corresponder às expectativas. Hélio não sente a responsabilidade de ser o primeiro, mas sim de fazer um bom trabalho e criar um legado de qualidade, pois mesmo que alguém venha depois, sua obra será referenciada. Ele vê essa responsabilidade como uma oportunidade de criar uma referência para trabalhos futuros, e não apenas em ser o primeiro.
Actualmente, a banda desenhada está no seu segundo episódio, onde é ilustrado a “tecnologia de opressão para se conseguir demover as pessoas, os menos abastados, e afastá-los aos poucos para as bermas da cidade”. enquanto que o primeiro apresenta “aquilo que é o choque entre uma cidade que cresce tanto na vertical como na horizontal e que empurra aqueles com menos condições”.
Antes do seu trabalho no Anima, trabalhou como freelancer por 23 anos, potencializando sua criação de estruturas para fins comunicativos, como logotipos, banners, panfletos, menus, revistas, catálogos e posters, tanto impressos quanto digitais. Em sua carreira como ilustrador, foca também nas vertentes comunicativas, de entretenimento e educacionais, seja feita de forma digital ou física. O objectivo de seu trabalho é sempre atender às necessidades e interesses do público-alvo.