A agricultura familiar constitui uma das principais fontes de rendimento para inúmeras famílias em África. A actividade é frequentemente realizada com recursos limitados, o que, aliado à falta de mecanismos eficazes de controlo de pragas, compromete a qualidade e a produtividade das culturas, dificultando a obtenção de rendimentos elevados.
Para dar uma nova realidade aos trabalhadores da terra, Esther Kimani, jovem queniana, criou um dispositivo que detecta de forma precoce pragas e doenças nos cultivos.
Trata-se de uma ferramenta movida a energia solar, equipada com inteligência artificial e aprendizagem automática, que permite acções antecipadas para salvar as plantações.
A criação desta solução está alinhada com as suas origens. Esther cresceu numa comunidade onde a agricultura era o principal meio de vida, e uma das situações que sempre presenciou foi ver os pais perderem até 40% das suas plantações a cada temporada devido a pragas e doenças.
Formada em Ciências da Computação, começou a reflectir sobre como alterar esta realidade e encontrou na tecnologia uma aliada para a resolução do problema.
“Rapidamente percebi que a tecnologia poderia resolver problemas do mundo real”, explica. “Na universidade, aprendi sobre aprendizagem automática. Não era no contexto da agricultura, mas vi como poderia traduzir-se em soluções práticas para os agricultores”, declarou ao Africa Prize.
Assim, viria a fundar, em 2020, a Farmer Lifeline Technologies, uma startup que procura apresentar alternativas acessíveis aos métodos tradicionais e dispendiosos.
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Esta é também uma resposta às dificuldades que enfrentou na inserção no mercado de trabalho, marcadas pelas escassas oportunidades de contratação e frequentes demissões.
“Eu sabia que seria arriscado. Não tinha capital, equipa nem qualquer garantia de sucesso. Mas também sabia que o impacto potencial do meu trabalho valeria o risco.”
Como funciona?
Alimentado por energia solar, o dispositivo utiliza algoritmos de visão computacional de ponta e aprendizagem automática para identificar pragas e doenças nas culturas.
A solução emite alertas em tempo real, segundos após a detecção, e oferece conselhos de intervenção personalizados através de SMS. Notifica ainda os funcionários agrícolas do governo, para que se envolvam em estratégias mais alargadas de gestão de pragas e doenças.
O dispositivo custa cerca de 3 dólares por mês e substitui a vigilância por drones ou as inspecções manuais.
A jovem foi a décima vencedora do Prémio África de Inovação em Engenharia da Academia Real de Engenharia e, até 2030, planeia capacitar um milhão de pequenos agricultores, ajudando-os a reduzir perdas e a aumentar a produtividade.
Fonte africaprize